Press Release: Um festival de cinema radiante na Cinemateca do MAM Rio
Na categoria de melhor documentário longa-metragem, a banca de juri concedeu o prêmio a duas produções: uma da França, o "Nosso amigo, o átomo: um século de radioatividade" (Notre ami l'atome: Un siècle de radioactivité) de Kenichi Watanabe e outra dos Estados Unidos, "Evento Televisivo" (Television Event) de Jeff Daniels.
„"Evento Televisivo" narra não apenas a produção do filme de TV "O Dia Seguinte" (The Day After), mas o que foi preciso para que o programa de TV fosse feito, como isso impactou a política internacional e motivou uma geração a se opor à guerra nuclear e às armas. Filmado e produzido profissionalmente, "Evento Televisivo" tem sua própria história para contar, enquanto aponta para um filme fundamental que muitos esqueceram“, diz a jurada do Festival Libbe HaLevy, da Califórnia. Libbe é uma dramaturga premiada, autora de livros, produtora e apresentadora do programa de rádio "Nuclear Hotseat".
Em sua declaração de premiação, o cineasta japonês Kenichi Watanabe que vive há décadas na França e diretor do premiado "Nossa amigo, o átomo" disse: „Obrigado por premiar meu filme. Desejo muito sucesso a esta 11ª edição do Uranium Film Festival. E espero que o Uranium Film Festival continue até o fim da era nuclear.”
O prêmio de Melhor Curta Documentário também foi concedido a duas produções igualmente bem feitas: "Vizinho Tóxico" (Toxic Neighbor) de Colin Scheyen do Canadá e "Ciganos do mas: a cúpula de plutônio" (Sea Gypsies: The Plutonium Dome) de Nico Edwards dos EUA.
„Demos o prêmio ao "Vizinho Tóxico" por nos mostrar, de um modo sutil e respeitoso, a longa e exaustiva jornada de luta pelo reconhecimento dos riscos à saúde de uma usina nuclear, mesmo que funcionando corretamente“, diz a jurada austríaca Petra Holzer. „Por sua vez, "Ciganos do mar: a cúpula de plutônio", uma jornada ao esquecido centro de explosão de testes de bombas atômicas na Ilha do Pacífico, nos lembra das atrocidades cometidas pelas nações atômicas. Um documentário inspirador digno do prêmio do Uranium Film Festival.” Petra Holzer é artista visual, curadora e diretora do Festival Internacional de Documentário Ecológico Bozcaada (BIFED), sendo Bozcaada uma ilha entre Grécia e Turquia.
O prêmio de Melhor Longa-Metragem de Ficção do 11º International Uranium Festival no Rio de Janeiro foi para o jovem cineasta Choi Yang Hyun, da Coréia do Sul, por seu filme sobre guerra nuclear „O Porão" (지하실). Em seu discurso Choi Yang Hyun disse: “Muito obrigado por me dar um prêmio tão grande pelo meu filme que é sobre a sobrevivência de uma família em uma cidade atingida por um ataque nuclear. Observando a guerra na Ucrânia, as primeiras pessoas que sofrem são as pessoas comuns. É o mesmo na Coréia que eu moro. A Coreia do Sul está em estado de conflito entre as duas Coreias. Como o slogan deste festival de cinema, estou ansioso pelo dia em que as pessoas ao redor do mundo estejam livres desse tipo de ameaça existente na Terra.”
A estrela do último dia do Festival e da premiação do domingo, 29 de maio, no MAM Rio, foi o brilhante multiartista polonês Lech Majewski. Ele apresentou seu filme “Vale dos Deuses” (Dolina Bogów) pela primeira vez no Brasil. O público, incluindo vários estudiosos de arte e cinema, ficaram profundamente impressionados com seu filme e a beleza de suas imagens. A sessão contou com a honrada presença do Embaixador da Polônia no Brasil, Jakub Skiba, que disse: "Gostaria de expressar minha satisfação excepcional com o fato do respeitado e notável diretor polonês Lech Majewski estar premiado neste evento tão importante no mundo brasileiro do cinema. A presença no Brasil de representante da cultura e cinema polonês é uma honra especial para todos os poloneses. As obras do Sr. Lech Majewski são sofisticadas tanto visual como filosoficamente. Seus filmes, incluindo o “Vale dos Deuses”, são de natureza onírica, remetendo aos maiores medos existenciais de cada um de nós. Graças à sua criatividade, o espectador pode experimentar um profundo ato de purificação e catarse. Poucos filmes conseguem ter o mesmo senso de peso simbólico e arquetípico". O filme de Lech Majewski, que já foi premiado como Melhor Longa-Metragem de Ficção no Uranium Film Festival em Berlim 2020, agora recebeu o troféu do Uranium Film Festival no Rio.
„Um provérbio diz que uma imagem vale mais que mil palavras. E os filmes são 24 imagens por segundo. Filmes bem feitos comovem e, portanto, podem mudar as pessoas e o mundo. Todos os filmes vencedores deste ano são desse tipo”, diz o diretor do Festival Norbert G. Suchanek.
As Menções Honrosas do festival foram atribuídas a "Totem & Minério" (Totem & Ore) de John Mandelberg (Austrália), a "Sam e a usina nuclear ao lado" (Sam and the plant next door) de Ömer Sami (Dinamarca/Reino Unido), a "Mustangs & Renegades" de James Anaquad Kleinert (EUA) e a "Stalking Chernobyl" de Iara Lee (Ucrânia/EUA/Bulgária/Eslováquia).
Todos os anos, o International Uranium Film Festival homenageia personalidades especiais da "Era Atômica", com seu troféu de Honra ao Mérito. Este ano, Elsie Mae Begay, a tataravó navajo de Monument Valley, apresentada no documentário "O Retorno do Menino Navajo" (The Return of Navajo Boy), de Jeff Spitz, recebeu o Troféu de Honra Uranium Film Festival 2022, pelo seu trabalho de dedicação ao descomissionamento de antigas áreas de mineração de urânio no território Navajo, nos Estados Unidos.
O Festival sempre dedica uma sessão especial ao acidente com o césio 137, em Goiânia, ocorrido em setembro de 1987. Este ano, para marcar os 35 anos do acidente, o Festival contou com a presença de Odesson Alves Ferreira que, além de ser vítima direta do acidente, é também um dos maiores esclarecedores deste grande acidente radiológico, o maior ocorrido fora de uma usina nuclear. Também, não poderia ficar de fora, a maior ameaça nuclear vivida pela Humanidade, com a guerra atual da Rússia pela Ucrânia. Para tratar deste assunto, o Festival proporcionou ao público um encontro com o Embaixador Sérgio Duarte, presidente da Pugwash.
A cerimônia de premiação e festa do International Uranium Film Festival foi realizada na Cinemateca e Jardins do Museu de Arte Moderna do Rio, um local com uma curiosa história cinematográfica que poucos conhecem. Foi o local das cenas de festa do famoso filme „O Homem do Rio (L'Homme de Rio)“, dirigido por Philippe de Broca, em 1964, com Jean-Paul Belmondo. Agradecemos a todos os presentes, em especial aos cineastas José Herrera Plaza, Jaime García Parra, Lech Majewski, Miguel Silveira e Missy Hernández.
O 11º Internatioal Uranium Film no Rio de Janeiro, o Festival de Cinema da Era Atômica, acabou. No entanto, exibições do Uranium Film Festival estão programadas na Dinamarca, em Århus (Øst for Paradis), no dia 13 de junho. Na Noruega, em Bergen (Cinemateket Bergen), 24 e 25 de agosto. E na Alemanha, em Berlim, de 6 a 13 de outubro de 2022.
Fotógrafos
Ana Clara Vaz & Pedro Lucas Gomes
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