Lamentamos profundamente a perda do Sr. Takashi Morita, um sobrevivente do bombardeio atômico de Hiroshima (Hibakusha), em 1945, que mais tarde emigrou para o Brasil, onde liderou a organização "Hibakusha Para Paz" para ajudar sobreviventes da bomba atômica no exterior. O Sr. Morita morreu na segunda-feira, 12 de agosto de 2024, aos 100 anos, em um hospital em São Paulo. Ele participou de várias edições do festival no Rio, encantando o nosso público. Em 2019, recebeu o prêmio Honorário "Life Time Achievement Award" durante o 9º International Uranium Film Festival no Rio de Janeiro, por seus esforços incansáveis no Brasil por um mundo sem armas nucleares. Além disso, desde o acidente nuclear de Fukushima (2011), também lutou por um mundo sem energia nuclear.
Há 79 anos, Takashi Morita era um jovem policial militar de 21 anos, em Hiroshima, quando a bomba atômica explodiu. Ele estava a 1,3 quilômetros do epicentro (marco zero) da bomba e escreveu um livro autobiográfico, publicado em 2017: A Última Mensagem de Hiroshima: O que Vi e Como Sobrevivi à Bomba Atômica"
Morita emigrou para o Brasil em 1956, aos 32 anos, com sua esposa e dois filhos. No entanto, depois de chegar ao Brasil, o governo japonês parou de fornecer benefícios de assistência médica da lei de apoio aos sobreviventes da bomba atômica. Esta foi uma das razões pelas quais ele ajudou a fundar, em 1984, a "Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil", em São Paulo, representando aproximadamente 100 Hibakusha que vivem no Brasil. A Associação entrou com uma ação judicial contra o governo japonês, exigindo o mesmo nível de suporte médico do Japão para sobreviventes da bomba atômica que vivem no exterior. Finalmente, a partir de 2019, os Hibakusha fora do Japão começaram a receber benefícios de seguro saúde do governo.
Desde 2012, o Sr. Morita participou diversas vezes do International Uranium Film Festival no Rio de Janeiro, como palestrante e convidado de honra, compartilhando sua história e mensagens com centenas de estudantes e público do festival de uma forma inesquecivel.
Um documentário importante sobre Morita é o curta-metragem "O Sr. Morita" de Roberto Fernández, concluído em 2016. O cineasta argentino, radicado em São Paulo, dedica seu trabalho em resgatar e contar as histórias dos Hibakusha no Brasil e os acompanha há muitos anos. Trailer: https://vimeo.com/179966640.
Descanse em paz, Senhor Morita. Que o mundo nunca o esqueça, assim como nós nunca o esqueceremos.