3 de junho de 2019 - O filme CIDADE RADIOATIVA (Série O Ambientalista) do mineiro Marcello Marques ganhou o troféu do International Uranium Film Festival 2019, na Cinemateca do prestigiado Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio). “Cidade Radioativa” foi o melhor curta-metragem brasileiro da 9ª edição do Uranium Film Festival, o único festival de cinema no mundo dedicado à temática da energia nuclear e aos riscos da radioatividade, da mineração do urânio às usinas e acidentes nucleares, de Hiroshima à Fukushima.
O jurado do Uranium Film Festival, Alphonse Kelecom, professor especialista em Radiobiologia da Universidade Federal Fluminense disse: “Cidade Radioativa é um filme interessante sobre Caetité que pode servir para uma bela discussão sobre os aspectos da contaminação ambiental decorrentes da mineração de urânio.“ O diretor Marcello Marquês e o ambientalista Neylor Araão, do filme „Cidade Radioativa“, receberem o troféu do festival no domingo, dia 2 de junho, na Cinemateca do MAM.
Também foram premiados durante o festival dois sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima, o Sr. Takashi Morita (foto), de 95 anos, e o Sr. Kunihiko Bonkohara, de 78 anos. Eles receberam o prêmio de honra „Life Time Achievement Award“ , prêmio pela contribuição em vida à causa da paz, com um trabalho incansável por um mundo sem armas nucleares e, desde o acidente de Fukushima, por um mundo sem energia nuclear. Sobreviventes da bomba atômica - conhecidos em japonês como Hibakusha - estavam entre os imigrantes do século 20 que se mudaram em busca de uma vida melhor, depois que o Japão se rendeu aos EUA. Alguns vieram morar no Brasil, como Takashi Morita e Kunihiko Bonkohara. Mais tarde, em 1984, o Sr. Morita fundou, em São Paulo, a Associação Hibakusha Brasil Pela Paz, representando cerca de 100 sobreviventes da bombas atômicas que vivem no Brasil.
A 9ª edição do Uranium Film Festival aconteceu de 25 de maio a 2 de junho de 2019, exibindo 25 filmes de 13 países, com um público bastante diversificado, desde cientistas a grupos escolares.
O festival foi criado no Rio de Janeiro, em 2010, pelo correspondente alemão Norbert G. Suchanek e pela professora Márcia Gomes de Oliveira, da FAETEC (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro). „O troféu do nosso festival é uma obra de arte única, confeccionada pelo artista de Santa Teresa, Getúlio Damado. A cabeça do boneco é um relógio quebrado que lembra as primeiras tragédias nucleares, quando as bombas atômicas explodiram, sobre as cabeças das mulheres, crianças e homens de Hiroshima e Nagasaki, todos os relógios destas cidades imediatamente pararam“, explica Suchanek.
Desde a sua primeira edição, em 2011, o Uranium Film Festival leva os filmes também para suas mostras internacionais. Nos últimos anos, mostras do Uranium Film Festival foram organizadas em 9 países, em mais de 40 cidades: de Nova York e Hollywood a Berlin e Nova Delhi. „O documentário “Cidade Radioativa” certamente irá rodar o mundo, levando o excelente trabalho do diretor Marcello Marques e sua equipe para diversos países“, declara a diretora do festival Márcia Gomes de Oliveira.
O Uranium Film Festival é um sucesso multinacional, sem apoio das multinacionais ou qualquer grande empresa. O festival conta com apoio do povo e de alunos que trabalham como voluntários, como da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch da FAETEC (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro). „Sem doações de pessoas conscientes, o Uranium Film Festival não é possível“, finaliza a diretora Márcia Gomes.
Sobre o filme premiado
CIDADE RADIOATIVA. Brasil, 2017, Direção Marcello Marques, Produção Elisângela Guanaíra, Guerrilha Filmes, 26 min - A cidade de Caetité fica a 650 quilômetros de Salvador (BA). Nela encontra-se uma das maiores reservas de urânio no mundo, mineral que alimenta as usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 e considerado altamente perigoso quando concentrado. “O Ambientalista”, Neylor Araão, foi até o local para ouvir a população, que vive alarmada em relação à eficiência da fiscalização da qualidade da água da região, considerada contaminada. Essa suspeita já levou ao fechamento de vários poços artesianos. Trailer: http://oambientalista.com.br/cidade-radioativa/